3 de abril de 2011

A História da Cerveja - Parte 1

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Existem inúmeras teorias sobre a origem da cerveja e sua história caminha junto ao desenvolvimento da civilização.

O Homem conhece o processo de fermentação há cerca de 10 mil anos e o surgimento das primeiras espécies de bebidas alcoólicas também ocorreu nesse período. Formas primitivas de cerveja eram produzidas em aldeias, ainda em pequena escala e de maneira muito rudimentar.

Na China, na cidade de Jiahum foram encontrados vestígios de uma espécie de cerveja de arroz em vasos de barro datados de 7.000 a.C.. Expedições arqueológicas realizadas na região do Nilo Azul (atual Sudão), nesse mesmo período, encontraram vestígios da bebida produzida a partir do sorgo.

A exemplo da grande maioria das bebidas alcoólicas, a cerveja foi inventada (ou melhor, descoberta) de maneira acidental. É provável que agricultores tenham armazenado seus grãos em vasos, que possivelmente se molharam com a chuva. Esses vasos devem ter sido secados e, com o calor, as enzimas transformaram o amido em açúcar (esse processo é denominado de brassagem). Esses vasos foram, então, abandonados e novamente submetidos às intempéries. Essa “sopa de grãos” foi fermentada por micro-organismos selvagens presentes na atmosfera e, ao converterem o açúcar em álcool e gás carbônico, produziu-se cerveja.

A cerveja, na forma como atualmente a conhecemos, provavelmente surgiu na Mesopotâmia (atual Irã e Iraque), uma das regiões de origem da cevada. O processo de fabricação da bebida já era conhecido pelos sumérios desde 6.000 a.C., época da mais antiga receita de cerveja encontrada, escrita em uma mesa de argila. Os sumérios fabricavam mais de 20 tipos de cerveja e a ela davam o nome de Sikaru. O Hino à Ninkasi, deusa da cerveja dos sumérios, de 2.600-2300 a.C., é uma receita de cerveja.

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Na sociedade suméria, cerca de 40% dos grãos era destinada à produção de cerveja e a bebida era produzida por padeiros, ou melhor, padeiras, por utilizar as mesmas matérias-primas que o pão: grãos de cereais e leveduras. As mulheres eram responsáveis pela produção do pão e da cerveja. Textos sumérios revelam a existência de tabernas e a Epopeia de Gilgamesh refere-se à Siduri, a mais famosa das taberneiras.

Longe dali, na China, por volta de 2.300 a.C., surgia a Samshu, fabricada a partir de grãos de arroz, e a Kin, espécies de cervejas. No Japão, até hoje, um espécie milenar de cerveja feita de arroz é considerada a bebida mais tradicional do país: o Sakê.

Quando o Império Sumério ruiu, os Babilônios incorporaram sua cultura e, com ela, o hábito de produzir e beber cerveja. Aos poucos a bebida ganhou importância entre os babilônios. O Código de Hammurabi (6º rei babilônio), mais antigo conjunto de leis conhecido pelo homem e escrito ente 1792 e 1750 a.C., elenca uma série de normas sobre produção, comercialização e consumo da cerveja, relacionando direitos e deveres dos clientes das tabernas. Dentre estas, estabelecia uma ração diária de cerveja por dia, que variava com o status de cada cidadão e condenava à morte por afogamento na própria cerveja quem vendesse a bebida (nessa época ela só podia ser trocada por cevada) ou a produzisse com baixa qualidade. Os babilônios exportaram cerveja para o Egito, apesar de se encontrarem a mais de 1.000 km de distância.

A popularização da cerveja no Egito aconteceu rapidamente. Hieróglifos relatam a importância do henket ou zythum, e logo os egípcios produziam variados tipos da bebida, como a Cerveja dos Notáveis ou a Cerveja de Tebas.

A cerveja fazia parte da dieta diária tanto dos nobres quanto dos fellahs (camponeses) e sua importância pode ser verificada também na cultura da sociedade egípcia da época. Nos túmulos dos mortos era comum encontrar, além de incenso e comida, provisões de cerveja. A bebida também era ofertada aos deuses pelos sacerdotes em caso de desastres naturais a fim de aplacar sua ira. Ramsés III, que tomava cerveja em canecas de ouro de 3,5 litros e era conhecido como o “faraó-cervejeiro”, doou aos sacerdotes do Templo de Amón 466.308 ânforas (equivalente a 1.000.000 de litros) de cerveja. Os egípcios foram os responsáveis pela disseminação da cerveja no Mar Mediterrâneo e, por consequência, em toda a Europa.  

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Os gregos já produziam cerveja por volta de 700 a.C. e, apesar de preferirem o vinho, emprestaram a tradição aos romanos. Ela teve um papel importante na vida dos primeiros cidadãos de Roma, mas durante a República Romana foi desbancada pelo vinho como a bebida mais popular. A cerveja então passou a ser marginalizada e considerada a bebida própria dos povos bárbaros. Ainda assim, nesta época surge a palavra cerevisia, utilizada pelo fato de a bebida ser produzida a partir de cereais, uma referência à Ceres, deusa da agricultura, do clima e da fertilidade.

O vinho dos romanos não foi absorvido pelos povos que não pertenciam ao Império e a cerveja continuava sendo a bebida mais popular das populações nórdicas. A Kalevala, poema épico finlandês, baseado em tradições e contos orais seculares, contém mais linhas sobre cerveja do que sobre a criação do homem. Nas festividades para Odin, não se podia participar sem beber fartas doses da bebida. Para se ter uma ideia da importância da cerveja para os povos nórdicos, no idioma eslavo, ela é chamada de piwo, do verbo pić,que também significa “beber”.

Fontes: http://www.wikibier.com.br/, www.cervejasdomundo.com/, http://www.brejas.com.br/, http://tukakubana.blogspot.com/, http://www.sociedadedacerveja.com.br

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